(foto de Gianna Roland, usurpada daqui)
Quando cheguei no Curitiba 12 horas, presenciei o finalzinho de um sarau poético (minha classificação para o "momento"). Estavam no palco Edson de Vulcanis, Jorge Barbosa, Luiz Felipe Leprevost e Ivan Justen Santana. O poeta Leprevost declamava intensamente O medo:
O medo
o medo tem na pele
casca de machucado
veste a carapuça
se empapuça
e tem uma fuça vermelha de diabo
o medo se acha feio
quando se espelha se dá conta
que tá só de cuecas e de meias
o medo tem cu
e quem tem cu tem medo
o medo assombra
fuma e não assume
se pune escondido
se auto-flagela e até acha divertido
o medo tem um olho com remela
uma boca banguela
e um andar com sequela de tiro
o medo tem cu
e quem tem cu tem medo
o medo enxerga muito
mas é mudo
o sortudo não usa escudo
e tem talento pra bandido
o medo é mesmo meio pervertido
se dá bem com os artistas
toda semana é notícia
tem a amigos na polícia
o medo tem cu
e quem tem cu tem medo
o medo engole seco
estica e dá uns teco
o medo vai ao médico
tomar remédio genérico
o medo é alérgico
desavergonhado e jacu
tem cara de cruz credo
o medo tem cu
Arrepiei. Sensação de estar no lugar certo, na hora certa, cidade e eventos certos. Preciso desses poetas para minha vida!!
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